quarta-feira, 6 de agosto de 2008

'El Tigre', artilheiro e cerebral

Antes de Leônidas, Tim e outros grandes atacantes geniais, Friedenreich já se desvencilhava dos zagueiros com o drible curto e o jeito moleque


Se Charles Miller trouxe a bola para o país e deu, com isso, o pontapé inicial para aquela que se tornou a grande paixão nacional, Artur Friedenreich foi um dos pioneiros do talento "made in Brazil". Tanto com a bola nos pés quanto na capacidade de mandá-la para as redes. Se há controvérsias sobre o número de gols marcados pelo atacante - uma estatística aponta 1.329, apesar de outras assegurarem pouco mais de 500 -, a história, seja pelos recortes de jornais ou pelos testemunhos dos já saudosos bisavós, confirma que Fried foi o jogador cerebral no início do século 20.
Antes de Leônidas da Silva, Tim e outros grandes atacantes geniais, Friedenreich já se desvencilhava dos zagueiros com o drible curto e o jeito moleque. Surgia nos anos 10, e se mantinha pelos anos 20 e 30, o primeiro craque do improviso. Terror dos goleiros com os chutes de efeito indefensáveis ele também foi. Filho de um comerciante alemão e uma lavadeira negra brasileira, nascido no bairro da Luz, em São Paulo, a 18 de julho de 1892, o mulato claro de olhos azuis driblou também o preconceito e começou a carreira no Germânia.
Depois, colecionou títulos. Sete de campeão paulista (seis pelo Paulistano, hoje apenas um clube social, e um pelo São Paulo da Floresta, que deu origem ao atual São Paulo Futebol Clube), uma Copa Rocca (1914) e dois Sul-Americanos (1919 e 1922) pela seleção brasileira. Na final de 1919, marcou o gol da vitória de 1 a 0 sobre o Uruguai e ganhou da imprensa internacional o apelido de "El Tigre", pela técnica e valentia com que jogava. Oito vezes artilheiro do Campeonato Paulista, "El Tigre" parou de jogar em 1935, aos 43 anos, defendendo o Flamengo em jogos de exibição. Morreu em 1969 com a frustração de não ter disputado uma Copa do Mundo - por pouco conseguiu em 1930, apesar dos 38 anos.

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